da Agência Globo
É bom que se esqueça tudo o que já foi dito a respeito de teorias sobre o colesterol como fator de risco para o infarto. É que, segundo o médico americano Kilmer McCully, da Universidade de Harvard e do Massachusetts General Hospital, o maior perigo para as artérias do coração é o aminoácido homocisteína, produzido normalmente no nosso organismo. O controle dos níveis desta substância é a chave para evitar o entupimento das artérias por placas de gordura. E a prevenção é simples: basta fazer uma dieta em alimentos ricos em vitaminas do grupo B, como peixe, banana, feijão, couve, ervilha, fígado, frutas cítricas e laticínios.
McCully está lançando no Brasil o livro O fator homocisteína (Editora Objetiva), no qual apresenta os mitos e as verdades a respeito do colesterol, além de ensinar como diminuir o risco da doença cardíaca.
Segundo o pesquisador, a deficiência de ácido fólico e vitaminas B6 e B12 leva à doença cardíaca porque aumenta o nível de homocisteína no sangue. E a dieta da maioria das pessoas é pobre nesses nutrientes. “Essas vitaminas do complexo B estão faltando em nossas dietas porque o processo e a refinação dos alimentos as destroem”, diz o cientista.
Ele acrescenta que além de dieta deficiente em vitamina B, herança genética, determinados medicamentos para tratar câncer, envelhecimento, mudanças hormonais (como menopausa), hábito de fumar, vida sedentária, diabetes e hipertensão aumentam os níveis de homocisteína.
“A elevação do colesterol é um sintoma, não a causa mais importante de doença cardíaca. Reduzir apenas o colesterol do sangue por meio de medicamentos não impedirá o endurecimento das artérias se o nível de homocisteína for alto. O colesterol e as gorduras se depositam em artérias já comprometidas pela homocisteína”, alerta McCully.
TEORIA – O médico diz que o risco de doença cardíaca tem sido associado a um elevado nível de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o colesterol ruim, e a uma redução da lipoproteína de alta densidade (HDL), o bom colesterol. Mas afirma que os cientistas nunca conseguiram explicar esta teoria.
“A homocisteína é transportada pelo LDL. Portanto, é uma boa idéia baixar esta fração de colesterol, mas somente porque ela é o veículo do aminoácido. Porém, isto é muito difícil de se conseguir por meio de dieta, porque a maior parte do LDL é produzida no nosso próprio corpo”, afirma McCully.
De acordo com o médico americano, mesmo quem já sofre do coração pode se beneficiar de uma dieta rica em vitaminas do grupo, principalmente ácido fólico, B6 e B12, para baixar o nível de homocisteína. E se a pessoa consumir diariamente uma boa quantidade de legumes, verduras e frutas não precisará de suplementos vitamínicos. Mas não adianta comer frituras e ingerir os suplementos.
Um dos maiores obstáculos à redução da homocisteína é o hábito de fumar. O monóxido de carbono da fumaça do cigarro combina-se com uma forma de vitamina B6 (piridoxamina) presente no organismo e a torna inativa.
Também o excesso de álcool é prejudicial ao controle da homocisteína. As pessoas que abusam de bebidas destiladas, como uísque, conhaque, gim e rum, tendem a apresentar deficiência de ácido fólico, tiamina e outras vitaminas. O abuso de cerveja também interfere na absorção do ácido fólico.
As bebidas que contêm cafeína devem ser consumidas com moderação, isto é, uma ou duas xícaras por dia. O médico lembra, ainda, que o nível do aminoácido pode aumentar em pessoas com problemas na glândula tireóide e que os médicos devem examinar com atenção essa hipótese.
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Eleonôra